ESTIAGEM E MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Por: José Batista
Os
efeitos de uma das maiores estiagens que o Nordeste já enfrentou estão sendo
sentidos em regiões que tipicamente não seriam diretamente afetadas. As
temperaturas acima da média, índices pluviométricos muito abaixo e o inverno
irregular podem denunciar a influência das mudanças climáticas globais,
aumentando a faixa semi-árida. O crescimento urbano desordenado, a derrubada de
árvores, reservas para construção de loteamentos são fatores que colaboram para
que, cidades que historicamente não sofrem de forma acentuada efeitos da
estiagem, nos dias atuais estejam incluídas nas áreas mais castigadas pela
seca.
A
faixa do Brejo Pernambucano compreendendo as cidades de Sairé, Camocim de São
Félix, Barra de Guabiraba e Bonito, mais especificamente, estão inclusas nas
cidades que estão sentindo de forma intensa os efeitos das falta de chuva. Não
há registros sobre eventos extremos em anos anteriores dessa natureza. Uma
combinação de fatores confirmam a situação. Essas cidades tiveram reservas
naturais ostensivamente degradadas: matas foram dizimadas e com elas todo um
bioma. Áreas verdes foram substituídas por vastas extensões de capim, visando a
criação de gado. Apesar das ações de reflorestamento com o cultivo
principalmente do eucalipto, não é possível reverter as mudanças em andamento,
somente a adaptação para um novo cenário há de ser feita.
O
mais antigos lembram de como era diferente a paisagem nessa região. Existiam
reservas, diversidade de animais e a chuva vinha de forma regular. Existia uma
definição clara do que era inverno, compreendido entre os meses de maio à
agosto e verão, encaixado entre os meses de setembro a fevereiro. Não é
possível mais delimitar estações do ano. Em Bonito, cidade nacionalmente
conhecida pelas cachoeiras, vive um drama em relação à preservação ambiental. É
comum ver turistas jogando lixo nas reservas, inclusive dentro das cachoeiras. Riachos
perenes estão secando.
Asfalto X Desmatamento Urbano
A
cidade de Camocim de São Félix, inclusa no Brejo pernambucano, recentemente
recebeu um banho de asfalto nas principais avenidas e algumas ruas. No entanto,
com o asfalto não foi projetado um reflorestamento urbano, com o cultivo de
árvores nas áreas pavimentadas. O resultado é a sensação térmica que vem
subindo, sentida pela população. O asfalto, de acordo com especialistas da
área, atua como um espelho, refletindo o calor e também absorve, demorando um
certo tempo para dissipar.
Açudes e fontes poluídos
O
crescimento urbano traz ações nocivas ao meio ambiente. Entre as mais comuns, o
lançamento de dejetos através de esgoto sem nenhum controle ou tratamento em
córregos, regatos e riachos, contaminando mananciais importantes, fontes,
cacimbas e açudes, dizimando peixes de várias espécies.
A tendência
Os
prognósticos menos negativos apontam para as mudanças climáticas. O calor tende
a aumentar e os índices de chuva na região diminuir. O painel aponta para a
necessidade de reflorestamento e políticas de gestão ambiental na zona urbana.
Não dá para reverter a mudanças em
andamento, mas minimizar os severos efeitos que vão se desenrolar, aumentados
graças as ações degradadoras humanas na natureza. Ações que revitalizem áreas
nativas e a preservação do que ainda resta pode ser um caminho para que as futuras
gerações sofram menos com as respostas da natureza aos sofrimentos infligidos
pelo bicho homem.
José Batista é Bacharel em Direito e estudante
de Jornalismo na FAVIP (Faculdade Vale do Ipojuca)
batistaneto.jornalismo@gmail.com
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