segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Cozinha de Eduardo Campos e alinhamento com governo Dilma marcam secretariado de Paulo Câmara

Por Jamildo Melo, editor do Blog
Dois movimentos distintos marcam as indicações para a formação do secretariado do socialista Paulo Câmara, a partir de 2015. Apesar de ter passado a campanha falando em nova política, como Eduardo Campos, o novo governador abusou da velha prática de convocar deputados eleitos para o secretariado e, com a manobra, abrir vagas para aliados que não venceram as eleições. Ao menos, na visão do ex-dirigente Roberto Amaral, não ampliou a participação do PMDB no governo, além da vice com Raul Henry e a secretaria de Imprensa com Ennio Benning.
O primeiro deles é a tentativa de imprimir alguma simetria com o governo Federal, em pastas estratégicas, como Cidades e Transportes. Com pouco espaço para investir recursos próprios, continua a dependência dos recursos federais em várias áreas.
Nesta aposta, ocorreu a escolha do deputado federal André de Paula, advogado, 53 anos, para a Secretaria de Cidades, pelo PSD. A escolha pode ser frutífera para o novo governo, se o ex­prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) assumir mesmo o ministério das Cidades na nova equipe da presidente Dilma Rousseff (PT). Os dois são do mesmo partido e, com o PSB na oposição, essa “feliz” coincidência facilitaria os trabalhos.
Na mesma linha, ocorre a recriação da Secretaria de Transportes, entregue ao PR, na pessoa do deputado federal Sebastião Oliveira. O mesmo PR toca o ministério dos Transportes, em Brasília. Sebastião Oliveira Jr é medico formado pela UPE e foi eleito deputado estadual nas eleições de 2014. No primeiro governo Eduardo, já havia dirigido a mesma pasta.
Com essa manobra, Paulo Câmara também consegue contemplar quatro partidos da sua base de sustentação. Os suplentes que subiriam à Câmara Federal são Augusto Coutinho (SD), Fernando Monteiro (PP), Cadoca (PCdoB) e Raul Jungmann (PPS), este último teria que renunciar ao mandato de vereador do Recife.
Em menor grau, a mesma estratégia explica a entrega da pasta de Cultura ao PC do B, na pessoa de Marcelino Granja, caso a deputada Luciana Santos vire mesmo ministra da Cultura de Dilma. Além de conquistar a manutenção de Carlos Eduardo Cadoca na Câmara Federal – que havia ficado na terceira suplência –, após a convocação de quatro deputados federais, o PCdoB também conquistou uma secretaria na gestão do governador eleito Paulo Câmara (PSB). Ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Governo Eduardo Campos, Marcelino havia deixado a gestão para disputar um mandato na Assembleia Legislativa, mas não obteve sucesso. Agora, chega a uma secretaria que sempre foi emblemática para o PSB, já ocupada inclusive por Ariano Suassuna. Não por acaso, a deputada federal Luciana Santos e o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, ambos do PCdoB, estavam no ato.
O segundo movimento é uma dança de cadeiras entre aliados que já tomaram parte do núcleo duro do governo Eduardo, nas suas duas gestões.
Na educação, assume Fred Amâncio. Formado em administração e direito, Amâncio atualmente é secretário de Planejamento e Gestão do governo do Estado, onde já foi secretário-executivo de Coordenação Geral, além de secretário da Saúde. O secretário foi presidente do Porto de Suape antes de assumir a Seplag. Raul Henry (PMDB), o vice­-governador eleito, deixou de ficar com o comando da Secretaria de Educação, como era esperado, para supostamente assumir uma função chave no governo. A ele caberá funções de monitoramento e articulação, de livre trânsito pelas secretarias.
Na Fazenda, assume Márcio Stefanni. Formado em direito, já comandou a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper) e, atualmente, está à frente da secretaria de Desenvolvimento Econômico Pernambuco.
Para o seu lugar no Desenvolvimento, foi o ex-procurador-geral do Estado Thiago Norões. Procurador-geral do Estado desde 2011, é formado em direito chega ao cargo após passar por um processo de fritura com a produção de dossiês contra a sua pessoa.
Na Administração, a surpresa ficou por conta da escolha de Milton Coelho, que voltou ao Estado com o fim da campanha presidencial. É o mesmo caso de Sérgio Xavier, que voltou ao Governo com o fracasso de Marina. O ex-secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade Sérgio Xavier deixou ao fim do Governo de Eduardo Campos, para atuar junto a Marina Silva, que era vice na chapa de Campos e assumiu a cabeça de chapa com a morte do socialista. Xavier volta a ocupar o posto, conduzido desde a sua saída pelo engenheiro agrônomo e militante ambientalista Carlos André Cavalcanti.
No Planejamento, assume Danilo Cabral – ex-vereador do Recife e ex-secretário das Cidades no governo Eduardo Campos. Danilo Cabral reassumiu o seu primeiro mandato de deputado federal em abril deste ano, após deixar o Executivo, onde também já assumiu a pasta da Educação. Danilo Cabral é figura velha e conhecida. Faz parte do secretariado desde 2007, início da administração Eduardo, de quem era amigo desde os tempos da juventude. É daqueles que estarão na gestão sempre que o PSB de Pernambuco for governo. Apesar de ser auditor do TCE, suas relações políticas e partidárias pesam mais do que seu lado dito técnico. Foi secretário de Educação. Depois das Cidades. Deixou o cargo por exigência da legislação e renovou o mandato de deputado federal deixando obras inacabadas, a exemplo do sistema BRT e Túnel da Abolição. Agora, será ele quem vai monitorar os resultados do Pacto pela Vida. Precisará de planejamento mais do que nunca.
Na mesma ação entre amigos, a pasta de Turismo será ocupada por Felipe Carreras, ex-secretário de turismo e lazer da PCR na gestão de Geraldo Julio e responsável por projetos importantes como a ciclofaixa de lazer. Nas eleições 2014 foi eleito deputado federal pelo PSB. Além da experiência na área, ajuda a abrir espaço para derrotados na Câmara dos Deputados. O voto do eleitor é o que menos importa.
Na mesma lógica, na Secretaria de Agricultura, Nilton Mota, ex-secretário de Infraestrutura e Serviços Urbanos do Recife e ex-secretário de Educação do Estado, assume a pasta da Agricultura, com a saída de Aldo Santos. Ao chamar um nome de sua confiança, o decano Maviael Cavalcanti (DEM), o 3º suplente, voltaria à Casa Joaquim Nabuco. Ajuda ao DEM, que ficou do seu lado nas eleições deste ano.
Na área de Segurança, a manutenção de Alessandro Carvalho na Secretaria de Defesa Social (SDS) não surpreende. Nascido na Bahia e delegado da Polícia Federal há 15 anos, Alessandro está em Pernambuco desde julho de 2010. Era braço direito de Wilson Damázio, agia mais nos bastidores do que em público, até ser alçado ao comando da SDS na esteira das declarações desastrosas do antigo chefe, há exatamente um ano. Sua nomeação representava a continuidade do Pacto pela Vida sobre qualquer polêmica de cunho pessoal. Diante das dificuldades que 2015 trará, além do vácuo deixado pela morte do ex-governador Eduardo Campos, Paulo Câmara mantém o auxiliar na SDS pois não podia prescindir da sua ajuda.
A acomodação de aliados não ficou restrita aos mais próximos.
O PSDB por exemplo foi contemplado com a Secretaria do Trabalho, depois de ter perdido a Secretaria de Cidades, com Evandro Avelar. O PSDB caminhava para ficar de fora do Governo de Paulo Câmara, mas aceitou o mimo. A decisão de recusar a pasta de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo, antes na mão do PTB, chegou a ser tomada numa reunião na tarde deste domingo (14) no apartamento do presidente estadual da legenda, Bruno Araújo.
Vindo do PT, o deputado estadual não reeleito Isaltino Nascimento (PSB) assumirá a pasta de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.

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